Por Ivan Baeta (SITE TENISPIRA) - Aluno de Jornalismo da UNISANTA
A entrevista abaixo retrata as dificuldades encontradas pelos atletas e estudantes do Brasil em quase todas as modalidades esportivas. Serve também de material de estudos para a nossa Universidade que procura otimizar e evoluir sempre. O caso abaixo não é privilégio só do tênis, mas poucos sabem que o Futebol, muito popular por aqui, também sofre as mesmas consequencias, só que em menor proporção. A diferença é que alguém paga a conta. Na maioria das demais modalidades é paitrocínio mesmo.
Aliás, aproveitando o pioneirismo de nossa Universidade, modalidades como esgrima, squash, tênis, badminton, futebol de mesa, futebol virtual (video game), surf entre outras também poderiam fazer parte dos Jogos da UNISANTA, abrilhantando ainda mais o grandioso evento.
Confira e boa leitura:
No Coração do Tênis: Papo com Robert Scheidt e Kirmayr.
No assunto: Tênis e a opção na carreira, as taxas de importação no material. O caso não é privilégio só do tênis.
A entrevista mostra as dificuldades e as necessidades dos tenistas e atletas em geral no esporte brasileiro. Conseguir apoio e patrocínio é como ganhar na loteria, para atletas em começo de estrada.
Ao conversar com um dos maiores atletas do mundo, que pratica uma modalidade, não muito comum por aqui apesar da imensidão de água do país, a vela também passa o mesmo drama. Outra opinião de peso é a de Kirmayr. E a conversa com Robert Scheidt tenta causar uma linha de raciocínio: a reflexão.
Vale lembrar, que alguém pode citar:
- Tem atletas patrocinados sim!... Mas que fique bem claro: os que possuem e conseguem, das empresas de material esportivo, são os melhores do Brasil e com grandes resultados. Fato que também ocorre em várias modalidades. Existem exceções, mas são pouquíssimos casos no país.
Outro fator importante é a isenção da taxa de importação defendida pelo presidente da CBT que o tenispira perguntou e solicitou para Jorge Lacerda, na Copa Davis realizada em Sorocaba, olhar de perto a questão, foi feito e em parte resolvida, junto ao COB, Ministro dos Esportes e o presidente Lula que sancionou a lei que começa a vigorar em janeiro do próximo ano para os torneios Futures. Mas ainda falta a outra metade do caso, os tenistas, os esportistas. E, poderiam ser incluídas várias modalidades esportivas. Material de competição para atletas federados e confederados, em muitas modalidades, só importado. A situação é grave, pois competindo com material de ponta, que já custa caro, no quesito rendimento para velocidade e tempo os ganhos impressionam. Cobrar no produto final é fácil!...Mas o certo é que precisa começar direito para o trabalho ter resultado!
Tenispira também conversou com um líder de governo em Brasília, expondo o assunto que reflete na fase final, vivida por muitos tenistas na hora da transição para o profissional. A desistência e o desgaste aliado à falta de maturidade. Da sociedade, vem a cobrança: falta ídolo no esporte. A segunda parte está ligada ao dinheiro que um atleta precisa gastar só no material para jogar, e produto, só importado (para o tenista ainda resta pagar dinheiro com anuidades das federações e confederação brasileira de tênis, viagens e inscrições nos torneios). Já sabemos que duas empresas que no passado produziam raquetes e bolas no país, podem ainda estar abertas. Isso pode forçar a receita federal a justificar tal imposto. Relatamos isso ao presidente da CBT.
A torcida do esporte é para que a segunda parte seja resolvida. Vamos precisar dos líderes, do COB e do presidente Lula. A idéia deveria atingir várias modalidades e a situação seria equalizada pela quantidade. A chance de um maior número de atletas e vencedores pode trazer um grande destaque.
Kirmayr por sua vez, conclui que para um atleta chegar ao topo, é preciso uma somatória de várias passagens e estágios durante a sua formação envolvendo muito equilíbrio. Confira:
Tenispira: Geralmente começamos num esporte diferente do futebol por influência de alguém? Com você, como aconteceu?
Robert Scheidt: No meu caso foi influência da família, através do meu pai. Foi uma época muito legal, pois os primeiros passos foram dados nos finais de semana. Passava o dia inteiro na represa Guarapiranga em São Paulo. Mas, meu esporte era o tênis. Jogava no Esporte Clube Banespa.
Tenispira: No começo o esporte não passa de diversão e uma iniciação. Depois disso quando passamos a gostar e competir, o que você pensa a respeito?
Robert Scheidt: Na infância não levamos muito a sério. Isso é bom. Só complica quando começam a aparecer resultados inesperados, maiores do que você imaginou alcançar. O legal que guardo como recordação disso é o que meu pai havia colocado na porta do meu quarto: “Barcelona 92”. Não sei como dizer, mas na hora que você vê isso, pensa: Como vou conseguir?... Ou chegar lá?... Acho que esta meta para ser alcançada é o que reflete toda essa linha. Não disputei Barcelona, mas em Atlanta conquistei o ouro. E, comecei a obter os resultados.
Tenispira: Você jogava tênis. Quando veio a opção pela vela?... Foi difícil a decisão?
Robert Scheidt:Eu jogava tênis no Banespa. Gostava muito, tanto que jogo até hoje. Mas achei que não ia me dar bem. Em um dos muitos torneios federados que disputei na infância um belo dia perdi feio, tomei uma surra, corri muito e não vi a cor da bolinha, e percebi que não dava. Decidi me dedicar ao Iatismo. Acho que acertei na decisão... (risos).
Tenispira: Você teve dificuldades para conseguir patrocínio no início da carreira?
Robert Scheidt:Claro! E muito. Todo atleta brasileiro sofre quando ainda é uma promessa. A esmagadora maioria tirando o futebol é paitrocínio mesmo. Meu primeiro patrocinador veio depois de um ótimo resultado. Mas o que percebo é que se a estrutura começa quando ainda não conquistamos nada, vejo que o processo pode ser mais rápido quanto a resultados. Fazendo um bom trabalho é mais difícil falhar.
Tenispira:Sobre a última conquista em Pequim na nova classe e ao lado de Bruno Prada... Como você avalia a situação e o resultado obtido?
Robert Scheidt:Não sei o que dizer. Sempre procurei estabelecer planos para as regatas. Nesta não tínhamos nada a perder. Agradeço muito ao Bruno Prada por ter me passado motivação na hora decisiva. Foi a primeira vez que dei tudo sem planejar. Só restava uma saída: vencer!... Com o terceiro lugar, conseguimos a prata. A chance apontava somente ao bronze. Valeu lutar.
Tenispira, achou um amigo de infância de Scheidt dos tempos de Banespa. Fabio Blanco que foi sócio do clube da capital e hoje reside em Santos. Ao falar do amigo, citou:
- O Robert ia ser campeão em alguma coisa. Está no sangue. Brincávamos, saiamos juntos e treinava tênis com ele. Posso dizer que quando jogava set com ele no clube era duro. Seu poder de concentração impressiona. A impressão é que ele se fecha e luta. O curioso que pessoas assim se cobram muito. Ele nunca deixou transparecer isso.
Sobre este assunto conversamos também com Kirmayr. Veja a entrevista:
Tenispira:Kirmayr, o que falta para um tenista brasileiro alcançar as melhores posições da ATP?
Kirmayr: O trabalho voltado para tenistas que querem conquistar as melhores posições do ranking mundial, não é fácil. Diria que é muito, mas muito difícil. Posso dar o exemplo do projeto Lob Feminino. A pretensão é fazer com que o(a) atleta chegue no seu melhor e que este tenha uma somatória de aprendizado ao longo da preparação para suportar o peso da responsabilidade. Tudo isso envolve sua parte física, psicológica e técnica e que deve ser trabalhada aos poucos para não sufocar.
Tenispira: Você treinou uma número 1 do mundo juvenil (Gisele Faria) e uma que alcançou a terceira posição no ranking da ATP a tenista Gabriela Sabatini além de Arantxa Sanchez e Conchita Martínez. O que você percebia nestas atletas?
Kirmayr: É justamente tudo o que já relatei. Mas posso acrescentar ai mais um fator: a determinação em vencer. Ter cabeça, estrutura e força. Acho que quando estes fatores se somam em um esportista solitário como é o tênis, natação e os esportes individuais em geral, o resultado aparece. Agora, precisa trabalhar muito.
- Complemento de informação:
Sobre a taxa de importação nos materiais esportivos, podemos citar várias modalidades (tênis, iatismo, natação, etc). Dentro deste quesito até o esporte mais praticado no país, o futebol, apresenta este problema. Em muitos casos os atletas fazem as famosas “vaquinhas” para comprarem material importado e dividir os altos custos. A questão será encontrar um meio de incentivar o esporte e aumentar a chance para mais pessoas praticarem a custos mais acessíveis sem que os tradicionais “espertinhos” tirem vantagem.
Falamos com um funcionário da Fedex e que entende do assunto a respeito do Direito Internacional. O Brasil possui a taxa de importação mais cara do mundo.
Sobre a conversa que tivemos com o líder de governo: as questões no caso precisam ser bem analisadas. Segundo destacou, os atletas sofrem. Mas muita gente acaba se aproveitando, por isso está dando trabalho para resolver a questão dos tenistas e do problema que outras modalidades enfrentam com materiais. Sabemos que o que temos aqui é o que consome a média dos praticantes. Certos produtos, só importando.
A torcida fica para o presidente Lula conseguir dar mais um passo importante na questão da taxa de importação para materiais esportivos e as modalidades que necessitam de material de ponta. Se o caso não atender a todos os esportistas, que pelo menos atendam aos atletas das federações e confederações do país.
A equipe tenispira parabeniza o esforço do presidente da CBT, o Sr. Jorge Lacerda da Rosa, na questão. Agradecemos também ao presidente Lula.
- Biografia de Robert Scheidt
Iniciou-se no esporte na Escola Infantil do Esporte Clube Banespa e pelo C.A.D.E. no Esporte Clube Pinheiros. Por influência do pai começou a velejar. Velejava e participava de torneios de tênis. Acabou optando pela vela. Com apoio do Dudu Melchert, seu técnico, progrediu rapidamente vencendo diversas competições. Sagrou-se campeão sul-americano de Optimist, em Algarrobo, no Chile, com apenas 11 anos de idade. Venceu novamente no ano seguinte e foi convocado para representar o Brasil no Mundial de Optimist em Rosas, Espanha. Era a consagração no esporte da vela. Largou o tênis.
Com o peso e tamanho excedendo o recomendado no Optimist, ingressou no Snipe, onde colheu ótimos resultados. Estava aguardando encorpar para poder velejar no Laser. Já em 1990 sagrou-se vice-campeão brasileiro júnior de Snipe e campeão brasileiro júnior de Laser, classificando-se para o Mundial Júnior de Laser na Holanda. Neste campeonato, realizado nos moldes de uma olimpíada, pegou gosto pela vela de alta performance e percebeu que tinha talento para vencer. O que faltava era experiência internacional.
Estabeleceu um plano de treinamento que incluía regatas na Dinamarca, Suécia e a famosa semana de Kiel, na Alemanha. Foi ao Mundial e venceu 9 das 10 regatas, sagrando-se campeão Mundial Júnior de Laser em 1991 na Escócia. Foi seu ingresso no primeiro time da vela mundial.
Em março de 1995 venceu o Pan-Americano em Mar del Plata, Argentina, tendo o primeiro destaque pela imprensa nacional. Surgiram os primeiros patrocínios.
Em 1996 formou-se administrador pela Universidade Mackenzie. Nova decisão importante: continuar na vela ou trabalhar na profissão. Porém as vitórias em sucessivos campeonatos mundiais, bem como a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, e o conseqüente reconhecimento pela imprensa prenderam-no definitivamente à vela.
Robert é o maior atleta olímpico individual do Brasil de todos os tempos. Possui 141 títulos e 181 pódios. Seus ídolos são Pelé e Michael Jordan. Oito vezes campeão mundial da classe laser.
Para mais informações clique aqui:
- Robert Scheidt
www.robertscheidt.com.br
Carlos Alberto Kirmayr
Carlos Kirmayr começou no Esporte Clube Banespa, quando tinha apenas quatro anos de idade. Depois, teve aulas nos clubes Clube de Regatas Tietê e Clube Atlético Indiano, sendo treinado neste último por Mário Perez. Com 11 anos de idade, tornou-se vice-campeão brasileiro de sua categoria.
Em 1969, aos 19, tentou a carreira fora do Brasil, jogando na Universidade de San Jose, na Califórnia. Estreou na Copa Davis em 1971.
Foi vice-campeão em Santiago, em 1976; vice no Cairo, em 1979; e, em Bogotá, em 1980. Foi campeão do Hollywood Classic, no Guarujá, em 1981, tendo que passar por Eddie Dibbs e Ilie Nastase (ambos entre os dez melhores do ranking da ATP). No mesmo ano, alcançaria sua melhor posição no ranking mundial (32°) e bateria John McEnroe, apenas dois meses antes de o bad boy se sagrar campeão de Wimbledon pela primeira vez.
Defendeu o Brasil na Copa Davis por 15 anos (de 1971 a 1987), foi o melhor brasileiro no ranking durante cinco anos e derrotou grandes nomes do tênis mundial, como Ivan Lendl, Ilie Nastase e John McEnroe. Jogando em duplas, Kirmayr chegou a 28 finais de torneios ATP e alcançou, ao lado de Cássio Motta, o posto de quinta melhor dupla do planeta. Em 1983, os dois tornaram-se os primeiros brasileiros a participarem do Masters. A competição foi disputada em Nova York.
Ao encerrar a carreira, Carlos Kirmayr tornou-se treinador de tênis. Foi capitão da equipe brasileira da Copa Davis e treinou a equipe britânica de Copa Davis, em 1986. De 1990 a 1995, foi o técnico da argentina Gabriela Sabatini, campeã do US Open em 1990 e finalista em Wimbledon. Treinou também Arantxa Sanchez e Conchita Martínez, somando 22 títulos de simples em cinco anos como técnico no circuito feminino. Treinou ainda Cássio Motta, Vanessa Menga, Cédric Pioline e Nicolas Pereira, entre outros. É considerado o melhor tenista brasileiro de duplas de todos os tempos.
Para mais informações acesse:
www.tenispira.com.br
www.tenispira.com.br/nocoracaodotenis/
A entrevista abaixo retrata as dificuldades encontradas pelos atletas e estudantes do Brasil em quase todas as modalidades esportivas. Serve também de material de estudos para a nossa Universidade que procura otimizar e evoluir sempre. O caso abaixo não é privilégio só do tênis, mas poucos sabem que o Futebol, muito popular por aqui, também sofre as mesmas consequencias, só que em menor proporção. A diferença é que alguém paga a conta. Na maioria das demais modalidades é paitrocínio mesmo.
Aliás, aproveitando o pioneirismo de nossa Universidade, modalidades como esgrima, squash, tênis, badminton, futebol de mesa, futebol virtual (video game), surf entre outras também poderiam fazer parte dos Jogos da UNISANTA, abrilhantando ainda mais o grandioso evento.
Confira e boa leitura:
No Coração do Tênis: Papo com Robert Scheidt e Kirmayr.
No assunto: Tênis e a opção na carreira, as taxas de importação no material. O caso não é privilégio só do tênis.
A entrevista mostra as dificuldades e as necessidades dos tenistas e atletas em geral no esporte brasileiro. Conseguir apoio e patrocínio é como ganhar na loteria, para atletas em começo de estrada.
Ao conversar com um dos maiores atletas do mundo, que pratica uma modalidade, não muito comum por aqui apesar da imensidão de água do país, a vela também passa o mesmo drama. Outra opinião de peso é a de Kirmayr. E a conversa com Robert Scheidt tenta causar uma linha de raciocínio: a reflexão.
Vale lembrar, que alguém pode citar:
- Tem atletas patrocinados sim!... Mas que fique bem claro: os que possuem e conseguem, das empresas de material esportivo, são os melhores do Brasil e com grandes resultados. Fato que também ocorre em várias modalidades. Existem exceções, mas são pouquíssimos casos no país.
Outro fator importante é a isenção da taxa de importação defendida pelo presidente da CBT que o tenispira perguntou e solicitou para Jorge Lacerda, na Copa Davis realizada em Sorocaba, olhar de perto a questão, foi feito e em parte resolvida, junto ao COB, Ministro dos Esportes e o presidente Lula que sancionou a lei que começa a vigorar em janeiro do próximo ano para os torneios Futures. Mas ainda falta a outra metade do caso, os tenistas, os esportistas. E, poderiam ser incluídas várias modalidades esportivas. Material de competição para atletas federados e confederados, em muitas modalidades, só importado. A situação é grave, pois competindo com material de ponta, que já custa caro, no quesito rendimento para velocidade e tempo os ganhos impressionam. Cobrar no produto final é fácil!...Mas o certo é que precisa começar direito para o trabalho ter resultado!
Tenispira também conversou com um líder de governo em Brasília, expondo o assunto que reflete na fase final, vivida por muitos tenistas na hora da transição para o profissional. A desistência e o desgaste aliado à falta de maturidade. Da sociedade, vem a cobrança: falta ídolo no esporte. A segunda parte está ligada ao dinheiro que um atleta precisa gastar só no material para jogar, e produto, só importado (para o tenista ainda resta pagar dinheiro com anuidades das federações e confederação brasileira de tênis, viagens e inscrições nos torneios). Já sabemos que duas empresas que no passado produziam raquetes e bolas no país, podem ainda estar abertas. Isso pode forçar a receita federal a justificar tal imposto. Relatamos isso ao presidente da CBT.
A torcida do esporte é para que a segunda parte seja resolvida. Vamos precisar dos líderes, do COB e do presidente Lula. A idéia deveria atingir várias modalidades e a situação seria equalizada pela quantidade. A chance de um maior número de atletas e vencedores pode trazer um grande destaque.
Kirmayr por sua vez, conclui que para um atleta chegar ao topo, é preciso uma somatória de várias passagens e estágios durante a sua formação envolvendo muito equilíbrio. Confira:
Tenispira: Geralmente começamos num esporte diferente do futebol por influência de alguém? Com você, como aconteceu?
Robert Scheidt: No meu caso foi influência da família, através do meu pai. Foi uma época muito legal, pois os primeiros passos foram dados nos finais de semana. Passava o dia inteiro na represa Guarapiranga em São Paulo. Mas, meu esporte era o tênis. Jogava no Esporte Clube Banespa.
Tenispira: No começo o esporte não passa de diversão e uma iniciação. Depois disso quando passamos a gostar e competir, o que você pensa a respeito?
Robert Scheidt: Na infância não levamos muito a sério. Isso é bom. Só complica quando começam a aparecer resultados inesperados, maiores do que você imaginou alcançar. O legal que guardo como recordação disso é o que meu pai havia colocado na porta do meu quarto: “Barcelona 92”. Não sei como dizer, mas na hora que você vê isso, pensa: Como vou conseguir?... Ou chegar lá?... Acho que esta meta para ser alcançada é o que reflete toda essa linha. Não disputei Barcelona, mas em Atlanta conquistei o ouro. E, comecei a obter os resultados.
Tenispira: Você jogava tênis. Quando veio a opção pela vela?... Foi difícil a decisão?
Robert Scheidt:Eu jogava tênis no Banespa. Gostava muito, tanto que jogo até hoje. Mas achei que não ia me dar bem. Em um dos muitos torneios federados que disputei na infância um belo dia perdi feio, tomei uma surra, corri muito e não vi a cor da bolinha, e percebi que não dava. Decidi me dedicar ao Iatismo. Acho que acertei na decisão... (risos).
Tenispira: Você teve dificuldades para conseguir patrocínio no início da carreira?
Robert Scheidt:Claro! E muito. Todo atleta brasileiro sofre quando ainda é uma promessa. A esmagadora maioria tirando o futebol é paitrocínio mesmo. Meu primeiro patrocinador veio depois de um ótimo resultado. Mas o que percebo é que se a estrutura começa quando ainda não conquistamos nada, vejo que o processo pode ser mais rápido quanto a resultados. Fazendo um bom trabalho é mais difícil falhar.
Tenispira:Sobre a última conquista em Pequim na nova classe e ao lado de Bruno Prada... Como você avalia a situação e o resultado obtido?
Robert Scheidt:Não sei o que dizer. Sempre procurei estabelecer planos para as regatas. Nesta não tínhamos nada a perder. Agradeço muito ao Bruno Prada por ter me passado motivação na hora decisiva. Foi a primeira vez que dei tudo sem planejar. Só restava uma saída: vencer!... Com o terceiro lugar, conseguimos a prata. A chance apontava somente ao bronze. Valeu lutar.
Tenispira, achou um amigo de infância de Scheidt dos tempos de Banespa. Fabio Blanco que foi sócio do clube da capital e hoje reside em Santos. Ao falar do amigo, citou:
- O Robert ia ser campeão em alguma coisa. Está no sangue. Brincávamos, saiamos juntos e treinava tênis com ele. Posso dizer que quando jogava set com ele no clube era duro. Seu poder de concentração impressiona. A impressão é que ele se fecha e luta. O curioso que pessoas assim se cobram muito. Ele nunca deixou transparecer isso.
Sobre este assunto conversamos também com Kirmayr. Veja a entrevista:
Tenispira:Kirmayr, o que falta para um tenista brasileiro alcançar as melhores posições da ATP?
Kirmayr: O trabalho voltado para tenistas que querem conquistar as melhores posições do ranking mundial, não é fácil. Diria que é muito, mas muito difícil. Posso dar o exemplo do projeto Lob Feminino. A pretensão é fazer com que o(a) atleta chegue no seu melhor e que este tenha uma somatória de aprendizado ao longo da preparação para suportar o peso da responsabilidade. Tudo isso envolve sua parte física, psicológica e técnica e que deve ser trabalhada aos poucos para não sufocar.
Tenispira: Você treinou uma número 1 do mundo juvenil (Gisele Faria) e uma que alcançou a terceira posição no ranking da ATP a tenista Gabriela Sabatini além de Arantxa Sanchez e Conchita Martínez. O que você percebia nestas atletas?
Kirmayr: É justamente tudo o que já relatei. Mas posso acrescentar ai mais um fator: a determinação em vencer. Ter cabeça, estrutura e força. Acho que quando estes fatores se somam em um esportista solitário como é o tênis, natação e os esportes individuais em geral, o resultado aparece. Agora, precisa trabalhar muito.
- Complemento de informação:
Sobre a taxa de importação nos materiais esportivos, podemos citar várias modalidades (tênis, iatismo, natação, etc). Dentro deste quesito até o esporte mais praticado no país, o futebol, apresenta este problema. Em muitos casos os atletas fazem as famosas “vaquinhas” para comprarem material importado e dividir os altos custos. A questão será encontrar um meio de incentivar o esporte e aumentar a chance para mais pessoas praticarem a custos mais acessíveis sem que os tradicionais “espertinhos” tirem vantagem.
Falamos com um funcionário da Fedex e que entende do assunto a respeito do Direito Internacional. O Brasil possui a taxa de importação mais cara do mundo.
Sobre a conversa que tivemos com o líder de governo: as questões no caso precisam ser bem analisadas. Segundo destacou, os atletas sofrem. Mas muita gente acaba se aproveitando, por isso está dando trabalho para resolver a questão dos tenistas e do problema que outras modalidades enfrentam com materiais. Sabemos que o que temos aqui é o que consome a média dos praticantes. Certos produtos, só importando.
A torcida fica para o presidente Lula conseguir dar mais um passo importante na questão da taxa de importação para materiais esportivos e as modalidades que necessitam de material de ponta. Se o caso não atender a todos os esportistas, que pelo menos atendam aos atletas das federações e confederações do país.
A equipe tenispira parabeniza o esforço do presidente da CBT, o Sr. Jorge Lacerda da Rosa, na questão. Agradecemos também ao presidente Lula.
- Biografia de Robert Scheidt
Iniciou-se no esporte na Escola Infantil do Esporte Clube Banespa e pelo C.A.D.E. no Esporte Clube Pinheiros. Por influência do pai começou a velejar. Velejava e participava de torneios de tênis. Acabou optando pela vela. Com apoio do Dudu Melchert, seu técnico, progrediu rapidamente vencendo diversas competições. Sagrou-se campeão sul-americano de Optimist, em Algarrobo, no Chile, com apenas 11 anos de idade. Venceu novamente no ano seguinte e foi convocado para representar o Brasil no Mundial de Optimist em Rosas, Espanha. Era a consagração no esporte da vela. Largou o tênis.
Com o peso e tamanho excedendo o recomendado no Optimist, ingressou no Snipe, onde colheu ótimos resultados. Estava aguardando encorpar para poder velejar no Laser. Já em 1990 sagrou-se vice-campeão brasileiro júnior de Snipe e campeão brasileiro júnior de Laser, classificando-se para o Mundial Júnior de Laser na Holanda. Neste campeonato, realizado nos moldes de uma olimpíada, pegou gosto pela vela de alta performance e percebeu que tinha talento para vencer. O que faltava era experiência internacional.
Estabeleceu um plano de treinamento que incluía regatas na Dinamarca, Suécia e a famosa semana de Kiel, na Alemanha. Foi ao Mundial e venceu 9 das 10 regatas, sagrando-se campeão Mundial Júnior de Laser em 1991 na Escócia. Foi seu ingresso no primeiro time da vela mundial.
Em março de 1995 venceu o Pan-Americano em Mar del Plata, Argentina, tendo o primeiro destaque pela imprensa nacional. Surgiram os primeiros patrocínios.
Em 1996 formou-se administrador pela Universidade Mackenzie. Nova decisão importante: continuar na vela ou trabalhar na profissão. Porém as vitórias em sucessivos campeonatos mundiais, bem como a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, e o conseqüente reconhecimento pela imprensa prenderam-no definitivamente à vela.
Robert é o maior atleta olímpico individual do Brasil de todos os tempos. Possui 141 títulos e 181 pódios. Seus ídolos são Pelé e Michael Jordan. Oito vezes campeão mundial da classe laser.
Para mais informações clique aqui:
- Robert Scheidt
www.robertscheidt.com.br
Carlos Alberto Kirmayr
Carlos Kirmayr começou no Esporte Clube Banespa, quando tinha apenas quatro anos de idade. Depois, teve aulas nos clubes Clube de Regatas Tietê e Clube Atlético Indiano, sendo treinado neste último por Mário Perez. Com 11 anos de idade, tornou-se vice-campeão brasileiro de sua categoria.
Em 1969, aos 19, tentou a carreira fora do Brasil, jogando na Universidade de San Jose, na Califórnia. Estreou na Copa Davis em 1971.
Foi vice-campeão em Santiago, em 1976; vice no Cairo, em 1979; e, em Bogotá, em 1980. Foi campeão do Hollywood Classic, no Guarujá, em 1981, tendo que passar por Eddie Dibbs e Ilie Nastase (ambos entre os dez melhores do ranking da ATP). No mesmo ano, alcançaria sua melhor posição no ranking mundial (32°) e bateria John McEnroe, apenas dois meses antes de o bad boy se sagrar campeão de Wimbledon pela primeira vez.
Defendeu o Brasil na Copa Davis por 15 anos (de 1971 a 1987), foi o melhor brasileiro no ranking durante cinco anos e derrotou grandes nomes do tênis mundial, como Ivan Lendl, Ilie Nastase e John McEnroe. Jogando em duplas, Kirmayr chegou a 28 finais de torneios ATP e alcançou, ao lado de Cássio Motta, o posto de quinta melhor dupla do planeta. Em 1983, os dois tornaram-se os primeiros brasileiros a participarem do Masters. A competição foi disputada em Nova York.
Ao encerrar a carreira, Carlos Kirmayr tornou-se treinador de tênis. Foi capitão da equipe brasileira da Copa Davis e treinou a equipe britânica de Copa Davis, em 1986. De 1990 a 1995, foi o técnico da argentina Gabriela Sabatini, campeã do US Open em 1990 e finalista em Wimbledon. Treinou também Arantxa Sanchez e Conchita Martínez, somando 22 títulos de simples em cinco anos como técnico no circuito feminino. Treinou ainda Cássio Motta, Vanessa Menga, Cédric Pioline e Nicolas Pereira, entre outros. É considerado o melhor tenista brasileiro de duplas de todos os tempos.
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