quarta-feira, 28 de abril de 2010

Surfe sem preconceito



Simone Menegussi

Santos usa a linguagem do surfe para inclusão social. A 1ª Escola Pública de Surfe do Brasil tem como um de seus objetivos unir no mesmo espaço e ao mesmo tempo alunos de 4 a 80 anos com deficiências ou não. "Nosso lema não é aprimorar a técnica do surfe e sim usá-lo como terapia para ser feliz", diz o criador do projeto Cisco Araña.

A ideia de unir idosos, jovens e deficientes físicos aconteceu naturalmente. Logo que a escola foi criada, Cisco e seus alunos foram abordados na praia por um senhor de 74 anos que queria praticar “jacaré” e dizia estar sendo incomodado. O treinador não perdeu tempo, propôs-lhe que treinassem todos juntos. Caso não desse certo mudariam de lugar na água. Foi então que `Seu` Euclides se apaixonou pelo surfe participando das aulas semanais durante seis anos, até seu falecimento.

Valdemir, o Val é o primeiro surfista cego do Brasil. Também foi convidado a treinar, mas, para ele Cisco criou uma prancha com dez adaptações. Foi a primeira prancha adaptada para cegos do Brasil. “Tudo no começo foi um grande desafio”, conta.

Segundo o professor, a ideia de unir todos no mesmo espaço sem distinção é salutar para o esporte. "Usar o surfe como instrumento para melhorar a vida das pessoas é maravilhoso. A felicidade promove saúde, e nós somos a ponte para o processo", explica.

Cisco cita com muito orgulho suas pupilas, Reiko Konno, de 81 anos e, Fusae Nichida, de 80 anos. As alunas treinam há oito anos e encabeçam uma turma grande de idosos, que nesta época do ano descansam devido ao frio.

Escola - A 1ª Escola Pública Radical de Surfe do Brasil continua sob supervisão do seu criador, Francisco Alfredo Alegre Araña, conhecido como Cisco Araña. O projeto acaba de receber o premio "Melhores da Praia de 2009" realizado pela revista Almasurfe, na categoria ação social.

Em 1991, o secretário de esportes de Santos Ouhydes Fonseca e o chefe de esportes Gerson Moreira Lima tiveram a ideia de criar uma escola pública para esportes radicais. Convidaram Cisco, o primeiro surfista profissional do Estado de São Paulo para apresentar um projeto. Em 1992, estava criada a 1ª Escola Pública de Surfe. O projeto tem total apoio da Secretaria de Esportes de Santos e continua com o mesmo patrocinador há 18 anos.

Atualmente a escola funciona com oito professores, todos especialistas em surfe, formados em Educação Física e quatro pós-graduados. A escola também trabalha em conjunto com a secretaria de educação e secretaria de saúde.

Às segundas-feiras Cisco junto com Irapaji Caetano mantém o Projeto Omelca, onde dá aulas para crianças de outras cidades com necessidades especiais como, síndrome de down, autistas, paralisia cerebral e dificuldades de comportamento.
Às terças-feiras a escola recebe alunos carentes da prefeitura de Santos. Os outros dias da semana são dirigidos aos 300 alunos matriculados. Ao todo mais de 2000 pessoas são atendidas anualmente. Todo o material é fornecido pela escola.

Segundo Tania Maria Souza, secretária da escola, as inscrições são muito procuradas. "As vagas acabam no mesmo dia das inscrições". Informações só pelo telefone (13)3251-9838 ou pessoalmente na Av. Presidente Wilson s/n posto dois das 8h às 17h

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