sábado, 14 de agosto de 2010
Terreno do futuro Museu Pelé possui fragmentos do passado
Simone Menegussi
A Prefeitura de Santos e a Organização Ama Brasil uniram-se para a construção do Museu Pelé. O projeto orçado em R$20 milhões, e previsto para ser entregue em 2012, foi iniciado com uma pesquisa arqueológica no terreno que abrigava os casarões do Valongo, construídos em 1867.
A ONG Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas (Cerpa), chefiada pelo doutor em arqueologia Manoel Gonzalez, já finalizou o processo de prospecção arqueológica com 186 furos de sondagem. O local foi todo mapeado indicando os pontos com potencial arqueológico.
Até o momento foram encontrados 700 artefatos arqueológicos. As peças mais antigas são fragmentos de louças inglesas datadas de 1750 e uma garrafa de barro alemã de 1830, além de fragmentos de cerâmicas, vidros, garrafas do século XIX, azulejos e telhas da construção original.
A segunda etapa da pesquisa será realizada junto com o início das escavações para a fundação do novo prédio. Gonzalez acredita que os achados podem quadruplicar. "A expectativa de novas descobertas é muito grande", comenta.
Para esta fase da pesquisa o arqueólogo contará com um sonar de última geração, que será alugado do departamento de Geofísica da Universidade de São Paulo (USP). Com este equipamento será mais fácil identificar rochas, ossadas e galerias pluviais desativadas.
História - A construção foi feita pelo Comendador Manoel Joaquim Ferreira Neto para sua residência até 1895, passando a abrigar a Prefeitura e Câmara Municipal até 1939, onde também funcionou um hotel e pontos de comércio.
Antes da construção do casarão, o local era um ponto de comércio, permitindo um grande fluxo de pessoas. O arqueólogo acredita encontrar vestígios anteriores à construção, algum tipo de trapiche de pedras dos séculos XVII e XVIII que possa contar mais sobre a história. “Não temos cultura material desta época, só documentos”, explica.
Acervo público - O Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas é o único da Baixada Santista. Atualmente conta com 80 mil peças arqueológicas. Após a Portaria 230 de 17 de dezembro de 2002, do IPHAN, que obriga a contratação de um arqueólogo em obras de impacto em áreas de interesse histórico e arqueológico, a tendência é que o acervo aumente.
Algumas obras feitas no centro histórico de Santos foram supervisionadas pelo Cerpa. As peças encontradas na Casa do Trem Bélico, Teatro Guarani, Museu Pelé além de outras estão em custódia da entidade. Todo este acervo pertence a União, sendo de acesso a toda população. Qualquer estudante ou pesquisador que quiser ver as peças é só ligar e agendar um horário. O Cerpa fica na Rua Ana Pimentel, 12 Ponta da Praia- Santos – SP, telefone (13) 3877-2810 de 2ª à 6ª feiras, das 9h às 18h.
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